Muitas estrelas por ai (a grande maioria), na nossa galáxia, não são "solitárias", elas normalmente possuem uma ou mais companheiras. Até hoje não descobriram uma estrela irmã para o Sol, mas há teorias que dizem ao seu respeito. Será que ela existe?
Embora não seja possível determinar quantas estrelas duplas existem na nossa galáxia, os astrônomos arriscam um limite inferior. Cerca de três em cada quatro estrelas da Via-láctea possuem uma companheira orbital. O nosso Sol é uma das poucas isoladas. Uma afirmação que só permanece válida dentro dos limites dos instrumentos que possuímos. E se estivermos enganados? Não é difícil imaginar uma pequena estrela percorrendo lentamente uma órbita muito alongada em torno do Sol, de modo que dele não se aproxima menos que 20.000 UA (UA, distância Terra-Sol), afastando-se até 90.000 vezes essa distância. Não seria muito luminosa, tampouco massiva, caso contrário já teria sido notada através dos telescópios na Terra ou das oscilações que provocaria no Sol. Seria um tipo de estrela conhecida pelos astrônomos como anã-marrom. Estaria, no presente, no ponto mais afastado de sua órbita, cujo período teria não menos que 26 milhões de anos. Cada vez que estivesse mais próxima do Sol, a força gravitacional da estrela anã já seria o bastante para perturbar severamente as órbitas dos pequenos corpos de gelo e rocha que, aos bilhões, gravitam muito além de Plutão formando um gigantesco ninho de cometas conhecido como nuvem de Oort. O desequilíbrio na nuvem de cometas faria com que milhares deles fossem atraídos em direção ao centro do Sistema Solar, onde alguns fatalmente encontrariam pelo caminho pequenos e frágeis mundos, como a Terra. Mas onde estariam as marcas de tais impactos? Não é fácil encontrá-las na Terra. O movimento das placas tectônicas já destruíram um número sem fim de crateras. Os períodos glaciais aplanaram tantas outras. Os ventos e as chuvas vão desgastando a beira das crateras, arrastando o solo das encostas para o centro. Assim mesmo ainda existem cerca de 100 crateras, embora a idade de todas elas não possa ser determinada com precisão. Se a Terra preservasse suas crateras, certamente seria tão esburacada quanto a Lua ou Mercúrio. E como a Lua não está sujeita aos processos erosivos que ocorrem aqui, nosso satélite é a melhor evidência de impactos violentos periódicos. E tais evidências, de fato, existem. A hipotética companheira do Sol foi sugerida pela primeira vez em 1985 por Whitmire e Matese, que a batizaram de Nêmesis, a deusa da vingança. Seria até mesmo possível que esta "estrela da morte" já estivesse presente em algum catálogo estelar, sem que ninguém tivesse notado algo incomum. Entre os defensores da existência de Nêmesis estão geólogos que apostam que a cada 26 ou 30 milhões de anos ocorrem extinções em massa da vida na Terra, paralelamente ao surgimento de uma grande cratera de impacto (ou várias delas). Registros geológicos de fato indicam uma enorme cratera de impacto no mar do Caribe, com 65 milhões de anos, do final do período cretáceo, coincidindo com o fim do reinado dos dinossauros. Um ou mais cometas teria atingido a Terra, argumentam, envolvendo-a numa nuvem de poeira durante anos. Ainda em apoio à hipótese Nêmesis, os dados enviados pelo satélite IRAS (Infra-Red Astronomical Satellite), que permaneceu 10 meses em órbita no ano de 1983, revelaram um número altíssimo de objetos celestes até então desconhecidos, muitos dos quais mudaram de posição nesse curto período de tempo, indicando que estavam relativamente próximos. As características físicas e orbitais de Nêmesis justificariam o fato dela ainda não ter sido descoberta. Embora os mesmos dados do IRAS revisados e analisados com mais profundidade, além de observações mais recentes, parecem contestar a existência de qualquer objeto celeste que possa se enquadrar como Nêmesis. A hipótese de uma Nêmesis parece cada vez mais remota.
Rodrigo