Mais que um sol

A Parhelia é, como sugere seu nome grego, um fenômeno óptico em que vemos mais do que um sol no céu. O mesmo ocorre quando as nuvens cirrus, que é formado em grande parte por numerosos cristais de gelo e distribuídos em longas tiras ao longo do céu, refratam e refletem a luz solar em halos grandes dando a ilusão de mais de um sol no céu.
 A Parhelia era muito bem recebido por marinheiros e viajantes do passado, geralmente, antes de embarcar em suas viagens, procurando sinais no céu para saber o tempo, algo que foi perdido com o advento das técnicas meteorológicas.

2 milhões mais velho?

A revelação veio de dentro de um meteorito de 1,5 kg encontrado no deserto do noroeste da África. Ele foi vendido a um negociador de meteoritos no Marrocos, em 2004, e levado para ser classificado na Universidade do Norte do Arizona, nos Estados Unidos. Um precioso pedaço foi então emprestado aos pesquisadores Audrey Bouvier e Meenakshi Wadhwa, da Universidade do Estado do Arizona – e revelou conter o material mais antigo de que se tem notícia.
Análises de uma inclusão mineral contida no meteorito indicaram que ela tem cerca de 4,5682 bilhões de anos. A idade é entre 0,3 e 1,9 milhão maior que as previsões mais aceitas até agora para o Sistema Solar.
Assim como as previsões anteriores, a atual foi feita a partir do cálculo da idade de inclusões ricas em cálcio e alumínio (conhecidos como CAIs), contidas em meteoritos. Elas são tidas como os objetos mais antigos do Sistema Solar. Esses pedaços de meteorito teriam sido as primeiras partículas sólidas a se formarem a partir da nuvem de gases que originou Sol e planetas mais de quatro bilhões de anos atrás – chamadas também de refratárias por causa das altas temperaturas da nebulosa solar.

São os primeiros grandes objetos formados pela condensação dos elementos a partir de seu estado inicial gasoso. Segundo a geoquímica, o meteorito em questão (um condrito carbonáceo da classe CV3, batizado de NWA 2364) era “raro e precioso” não apenas pela quantidade de inclusões que continha, como também por serem elas grandes o suficiente para estimar sua idade, com mais de 5 mm. Outra vantagem é que, até onde se sabe, ele não sofreu modificações desde sua formação. O mesmo não vale para o meteorito Allende, encontrado no México em 1969 e usado como referência para uma das estimativas que prevaleciam da idade do Sistema Solar. As alterações que sofreu tornariam o cálculo menos seguro.
A idade dos CAIs é calculada com base nos isótopos presentes em sua composição (átomos de um mesmo elemento com massa atômica diferente), com base no tempo conhecido de decaimento de cada um.
No novo estudo, o resultado ganhou força porque a equipe baseou-se em dois medidores – e obteve o mesmo resultado com ambos. De um lado, fez o cálculo a partir de isótopos de chumbo contidos na amostra; de outro, analisou também a quantidade de alumínio e magnésio presentes, chegando à mesma idade: 4,5682 bilhões de anos.

Seria o caminho para entender o ambiente estelar do Sol que nascia e que tipo de estrelas trouxeram os elementos-chave para a "receita" da vida.